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Artigo - Caixa acoplada ou válvula de descarga, qual a melhor opção?




Artigo - Caixa acoplada ou válvula de descarga, qual a melhor opção?

29/01/2018

Por Murilo Carraro Rocha

O objetivo deste artigo é desenvolver uma discussão sobre qual é a melhor opção para o consumo de água consciente na residência no que tange o sistema de descarga a ser utilizado, e também evitar erros de especificação, que gera desconforto e custos excessivos nas obras. Para isso, é necessário entender sobre o comportamento de mais um item do sistema de descarga, o aparelho sanitário, pois seu princípio de uso funciona em conjunto (bacia + acionamento).

As válvulas foram acusadas de ser o equipamento que consome a maior parcela de água nas residências, porém essa informação não tem embasamento, de acordo com pesquisas realizadas recentemente, existem diversos sistemas de descarga disponíveis hoje no Brasil, sendo os mais comuns: caixas acopladas (ou integradas), caixas embutidas e válvulas de descarga. Seguem suas características:

• Caixas acopladas: Consiste em um sistema munido de um reservatório de água acoplado que fornece a água para a retirada dos dejetos nas bacias sanitárias. Excelentes para os sistemas de medição individualizada em apartamentos ou para locais onde é necessário a utilização do mesmo ramal em todo o ambiente. O sistema é cíclico, ou seja, um acionamento por vez a cada período para enchimento com volume fixo, que pode demorar até 300 segundos para encher (NBR 11852:1992);

• Caixas embutidas: Seu sistema possui um reservatório embutido na parede que serve como volume de água para a retirada dos dejetos das bacias convencionais. Suas aplicações e funcionamentos são semelhantes ao sistema de caixas acopladas e pode ser melhor indicado para locais com pouco espaço;

• Válvulas de Descarga: Sistema que pode ser embutido (mais usual) ou aparente (em casos específicos). Por serem mais robustas são mais indicadas para utilização em locais públicos. O fluxo de água é constante, ou seja, se o usuário permanecer acionando o sistema a válvula não interrompe o seu fluxo. Existem no mercado equipamentos com ciclos fixos de volume.

De acordo com uma pesquisa realizada pela SANASA, companhia de saneamento básico da cidade de Campinas, o consumo residencial de um sistema de descarga é de aproximadamente 20%, tornando-se o segundo maior consumidor. O sistema depende diretamente da água que a bacia exige para fazer sua limpeza (que pode ter seu princípio através da sifonagem, arraste ou sucção). Isso é definido através da norma NBR 15097:2011, que descreve 13 métodos de ensaio para determinar a eficiência da bacia, sendo que nos testes são utilizados todos os sistemas de descarga. Os ensaios são todos efetuados com bancadas padronizadas, também dimensionadas pela norma, e os resultados obtidos determinam se o produto poderá ou não ser disponibilizado para venda.

Outro ponto importante é o consumo de água definido através do PBQP-h (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat). Antes de 2002, não havia nenhuma definição a respeito do consumo de água de uma bacia. Existiam no mercado bacias que consumiam até 15 litros para uma descarga. A partir de 2002, todas as bacias devem consumir até 6 litros, ou seja, tanto faz válvula de descarga ou sistema de volume fixo, a necessidade para a limpeza sempre será 6 litros.

Então qual a melhor opção?

A melhor opção varia de acordo com cada situação. Se o ambiente necessita de um sistema mais robusto e voltado para o uso público, não é indicado o uso de sistemas como caixas acopladas. Contudo, quando o projeto hidráulico é de um apartamento e há a necessidade de medição individualizada (Lei Nº 13.312, de 12/07/2016) o sistema de válvula de descarga se torna inapropriado para esta instalação.

O que também precisa ser analisado é que qualquer sistema pode ou não ter um consumo de água excessivo dentro do ambiente e que todos dependem de manutenção especializada e regulagens. Se estes produtos forem usados de maneira inadequada ou especificados de maneira incorreta, quem arcará com esse ônus será o seu usuário.

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Murilo Carraro Rocha é técnico em Edificações, tecnólogo em Obras Hidráulicas e engenheiro civil especializado em Hidráulica Predial. Possui experiência com metais e louças sanitárias desde 2004, quando começou as atividades como estagiário na Duratex S.A. Passou por diversas áreas, entre elas: Assistência Técnica, Centro de Treinamento e Área Comercial e atualmente é responsável por todos os treinamento e palestrasque são realizados no estado de São Paulo. Também é responsável por visitas técnicas em obras para vistorias e análises em instalação hidráulica, em nome da empresa Docol. Artigo publicado também na Revista do Tecnólogo 2017. 

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